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Autores: Brasil Arquitetura
- Área: 330 m²
- Ano: 2007
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Fotografias:Nelson Kon
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Fabricantes: Capital esquadrias, Compasul, Spezia vidraçaria
Descrição enviada pela equipe de projeto. No final do século XIX e inicio do século XX, o Brasil recebeu uma grande quantidade de imigrantes, vindos dos mais diversos países, como Alemanha, Japão, Itália, Líbano, Ucrânia, Polônia, etc. Tratava-se de uma tentativa do governo brasileiro de “branquear” um país essencialmente mulato, recém saído de séculos de escravidão de negros africanos.
Da Itália, bastante empobrecida, vieram principalmente habitantes da região do Vêneto, que se fixaram, em sua maioria, em São Paulo e no extremo sul do país.
Um dos testemunhos mais fortes dessa época e dessa epopéia são as construções dos Moinhos Coloniais que, ainda hoje, encontramos na região da Serra Gaúcha. Estes artefatos, destinados à fixação das comunidades em torno da produção de farinha, são frutos do conhecimento e da engenhosidade trazida pelo imigrante e do encontro, na região, com novos materiais – basicamente a farta madeira da araucária – árvore ancestral brasileira.
Os remanescentes desses moinhos, encontrados aqui e ali na exuberante paisagem da Serra Gaúcha, são belos e insubstituíveis documentos do nobre encontro da técnica com a estética.
Mas apesar de sua importância histórica, estes moinhos estavam fadados a desaparecer, pelo abandono e esquecimento típicos de nossos dias. Em 2003 foi lançada a idéia da criação de uma rota turístico/cultural dos moinhos, e iniciamos o projeto para a recuperação de um primeiro exemplar, o Moinho Colognese, de Ilópolis. Para não cair num projeto nostálgico, decidimos agregar a este moinho – que deveria ser restaurado para voltar a funcionar e produzir farinha de milho para a polenta – um Museu do Pão e uma Escola de Padeiros.
Novas necessidades, usos contemporâneos: dois novos blocos em concreto e vidro dialogam com o velho moinho de madeira. Cem anos os separam no tempo, mas uma idéia-força os une, e essa idéia é justamente a de uma “celebração da madeira”.
Tudo aqui é Araucária: o Moinho e seus mecanismos, as novas varandas e os passadiços que lembram as casas dos imigrantes, os painéis corrediços “brise soleil”, os capitéis dos pilares a lembrar as fantásticas estruturas internas dos moinhos, e até o concreto, como em fotografia, marcado pelas formas de tábuas.
Neste pequeno conjunto, tudo é museu e museografia, incluindo aí a arquitetura, o jardim, os objetos e seus significados. A peça principal deste museu é o próprio moinho; no jardim uma coleção de pedras mó – granito e basalto de várias cores e durezas, destinadas a diferentes tipos de moagem de milho e trigo; no entorno, um pequeno canal de água alimentado por uma nascente em baixo do moinho delimita os limites do terreno do Museu.
Acreditamos que nesta obra a arquitetura cumpre seu nobre papel de renovação cultural, protagonizando o reencontro da comunidade local com sua historia, agora em novas bases de sonhos e utopia: arquitetura de raízes e antenas.